sexta-feira, 22 de junho de 2012

As decepções!

Infelizmente, a decepção faz parte da vida! Qualquer um de nós deve ter uma história para contar com este enredo. É mais um dos amargos frutos do pecado e uma arma poderosíssima que o inimigo tem usado potencialmente nesses últimos dias contra Deus.

E, devo dizer, não é de agora que ele se vale disso. Os chamados heróis da bíblia também já foram feridos e quase abatidos por esta arma.

Abraão foi um dos primeiros. Um dia Deus lhe fez o convite de deixar seu lar e sua família e seguir caminhos desconhecidos. E no final do convite, com letras garrafais, estava destacada sua recompensa: "...e de ti farei uma grande nação" Gênesis 12:2.

Abraão tinha setenta e cinco anos e Sara, sua esposa, sessenta e cinco, quando esta promessa foi feita. Eles não tinham filhos, mas ansiavam por isso. E mesmo com idade avançada, creram na promessa divina, seguiram as orientações de Deus e passaram a viver por isso.

Mas o tempo é vilão nessas horas. Ele corre com uma espada na mão e, enquanto passa, vai, aos poucos, mutilando a esperança. A fé, que é o escudo, recebe parte dos golpes e, caso não tenha sido forjado no sangue do Cristo, não dura muito.

Abraão sofreu com isso. Ele via os anos passarem, seus cabelos ficarem ainda mais brancos e seu rosto envelhecer. As palavras de Deus ainda ecoavam em suas lembranças e, apesar de tudo, Sara não engravidava. Mas, como quem conhecia a Deus, Abraão reclamava suas promessas. Gostava de fazer isso nas madrugadas. Quase sempre levantava-se para caminhar em frente à sua tenda, enquanto Sara dormia.

Em uma dessas noites de clamor, Abraão já estava muito preocupado, e Deus foi ao seu encontro. Ele colocou Seu braço por cima dos ombros de Abraão enquanto ele chorava suas dores. "Deus", ele disse, "Eu já nem sei mais o que pensar. Deixei a minha vida para seguir seus passos e agora estou aqui, numa terra estrangeira, longe de todos os meus queridos para fazer a sua vontade. Tudo o que eu quero é que me dê o que me prometeu. Mas já passou tanto tempo que nem sei se..."
Nesse instante Deus lhe corta a fala e diz com um discreto sorriso: "Filho, olhe para cima e conte as estrelas, se é que você pode! Assim será a sua descendência. Gênesis 15:5.
Seria realmente bom se no mês seguinte Sara sentisse os enjoos da gravidez, mas não foi assim. Os anos continuaram passando para eles. Abraão ainda teve que se defender muito das dúvidas e das decepções de passar mês a mês apenas esperando.

Moisés também teve que se defender. Logo ele, o homem mais manso da terra, o homem que, dentre todos os de Israel era o único que falava com Deus face a face e, como resultado disso, trazia um brilho de glória no rosto, o homem de quem Deus defendeu sua fidelidade e o chamou de amigo, o homem que teve o privilégio de ver Deus passar correndo pela fresta de uma rocha, logo Moisés!

Eu nunca escondi minha preferência, dentre os heróis da bíblia, por Moisés. A amizade que ele tinha com Deus era esplêndida. Ele andou tão perto de Deus que, por razões que só a eternidade vai explicar, a bíblia não levou os registros de seus pecados. Talvez para mostrar que a intimidade com Deus apaga nossas transgressões!

Moisés serviu 40 anos no deserto, conduzindo o povo de Israel por terras inóspitas, às margens do Mar Morto. Por 40 anos sonhou em cruzar a linha de chegada e colher os doces frutos de ser fiel a Deus. Em dias cansativos, o vislumbre da nova terra servia de combustível. Ele já se imaginava sentado na varanda da casa vendo o sol se pôr e agradecendo a Deus por mais um dia. Ansiava Canaã mais do que qualquer outro homem ali.

E quando o dia tão esperado chegou, Moisés se afastou para ficar a sós com Deus e lhe implorou que lhe concedesse a bênção de cruzar o Jordão viver sua velhice em Canaã. E por mais incrível que possa parecer, Deus lhe faz menção de um evento que ficou marcado em sua vida, um momento de fraqueza que a bíblia registrou usando um termo que mancha sua reputação de bom moço: "Ferir"!

Quase instantaneamente as imagens do ocorrido passam em sua mente. Cansado de caminhar as grandes dunas do deserto, fatigado pelo sol, sede e as demais dificuldades do lugar, Moisés perde a paciência após ouvir, por dias, as queixas exageradas de um povo ignorante e rebelde que pedia água. Deus apareceu para orientar Moisés a resolver o problema. Ele mandou que Moisés tomasse a vara de Arão, ajuntasse o povo e, com Arão, falasse à rocha para dela obter água.

Agora sabemos que a rocha era uma figura do Cristo (1 Coríntios 10:4). Muitos anos antes a rocha havia sido ferida por Moisés para obter água (Êxodo 17:5,6); para se manter o simbolismo, a rocha não deveria ser ferida novamente, pois Cristo iria ser ferido, ou crucificado, uma única vez pelos nossos pecados.

Moisés não somente prejudicou o simbolismo da rocha com a sua desobediência, mas exaltou-se a si próprio.

Assim mesmo, o Senhor fez o milagre, e saíram muitas águas da rocha. Mas Moisés foi castigado por sua incredulidade,o mesmo pecado que o povo havia cometido 37 anos antes, com a proibição de entrar na terra prometida, o mesmo castigo que o povo sofreu.

Agora ele estava alí sendo lembrando desse incidente que pesou na resposta de Deus à sua oração. Deus disse: Basta; não me fales mais deste assunto! Sobe ao cume de Pisga, e levanta os teus olhos ao ocidente, e ao norte, e ao sul, e ao oriente, e vê com os teus olhos, porque não passarás este Jordão.
Manda, pois, a Josué, e anima-o, e fortalece-o; porque ele passará adiante deste povo, e o fará possuir a terra que verás". Deuteronômio 3: 26-28.

Não adiantou implorar, Ele já tinha feito Sua escolha e esta não incluía deixar Moisés entrar na terra! Se a nós fosse dado o direito de usar as palavras que temos para conceituar a decisão de Deus, definitivamente, não usaríamos as melhores. Não parece uma escolha feita tendo, como base, o amor. Qualquer um de nós, sem pensar muito, teríamos dado a Moisés o direito de entrar em Canaã, afinal de contas, foram quarenta anos servindo a Deus, com pura lealdade, em terras, com perigos por todos os lados.
Mas, o fato é que, daqui, não da para entender as intenções divinas. Elas estão muito fora do nosso alcance.

Elias precisou ser perseguido e encurralado em uma caverna para entender isso. Eis outro herói que foi massacrado pelas decepções.

Eram dias difíceis, aqueles! Por todo Israel, o povo estava se rendendo aos apelos de Baal. Por toda parte, haviam altares erguidos para adoração às supostas divindades, enquanto o altar de Yahweh estava em ruínas. A apostasia havia tomado conta do povo e Elias foi o escolhido de Deus para dirigir um movimento de reforma sem precedentes, um movimento regado com pregações, choros e grandes milagres.

Para deter as ações de Baal, seus profetas teriam que morrer. Então,  Elias os desafiou a provar quem era o Deus merecedor de fidelidade e adoração. O desafio consistia em consumir os elementos postos no altar, apenas com a oração.

Os de Baal iniciou o combate com longas rezas, gritos de súplicas e músicas estranhas. Nada aconteceu! Os adoradores de Baal seguiram este ritmo até o meio dia, quando eles decidiram intensificar as preces, adicionando acoites e mutilações. Mais uma vez, nada acontece e eles acabam desistindo.

É quando entra o de Deus. Ele traz consigo apenas uma certeza: Deus estava conduzindo aquele momento e já era vencedor. Era essa certeza que o fazia reerguer o altar com todos os elementos que apontavam para a história de um povo que havia sido salvo das mãos de um poderoso faraó; a história de um povo que foi milagrosamente sustentado por 40 anos em um terrível deserto; a história de um povo rebelde que estava sofrendo com a apostasia, um povo que Deus estava, mais uma vez, disposto a salvar.

E Elias tomou doze pedras, conforme ao número das tribos dos filhos de Jacó, ao qual veio a palavra do SENHOR, dizendo: Israel será o teu nome. E com aquelas pedras edificou o altar em nome do SENHOR; depois fez um rego em redor do altar, segundo a largura de duas medidas de semente. Então armou a lenha, e dividiu o bezerro em pedaços, e o pôs sobre a lenha. 1 Reis 18:31-33

Quantas lembranças aquele altar trazia! As doze pedras simbolizando as tribos de Israel, nação escolhida a dedo pelo Próprio Deus e chamada de menina dos Seus olhos; ou as pedras que foram tiradas do Jordão, após este ser milagrosamente aberto para o povo passar em terra seca e seguir para Canaã. A vala talvez trouxesse a mesma lembrança a alguns, enquanto, a outros, fazia lembrar de um dos eventos mais empolgantes já contados na bíblia: O Mar Vermelho! O bezerro e a lenha quase imprimiam em suas mentes a história de Abraão e seu filho, Isaque, no Moriá.

Essas eram lembranças que impressionavam a mente do povo. Causava reflexão, fazia-os pensar que, em todo esse tempo, Deus só fez o melhor por eles, mesmo quando parecia o contrário. Agora eles podiam ver que, mesmo com falta de algumas coisas, até nas horas em que se sentiam abandonados, Deus estava cuidando deles. Era como se o altar estivesse gritando: Lembrem-se de tudo que Deus já fez por vocês, lembrem-se dos livramentos e das provisões. Vocês não tem motivos para adorarem a Baal!

Elias surpreende a multidão atenta e reflexiva quando pede para encharcar o altar e o sacrifício, como se isso fosse dificultar as coisas para Deus. Com tudo isso, não bastou mais do que algumas palavras para que o monte Carmelo fosse testemunha do poder e glória divinas.

Sucedeu que, no momento de ser oferecido o sacrifício da tarde, o profeta Elias se aproximou, e disse: O SENHOR Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme à tua palavra fiz todas estas coisas. Responde-me, SENHOR, responde-me, para que este povo conheça que tu és o SENHOR Deus, e que tu fizeste voltar o seu coração. Então caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego.O que vendo todo o povo, caíram sobre os seus rostos, e disseram: Só o SENHOR é Deus! Só o SENHOR é Deus! 1 Reis 18:36-39

Que resposta pronta e objetiva! Não houve contratempo. Ele não precisou esperar vinte e cinco anos para ver o resultado da sua oração, nem tampouco andar em círculos por um deserto hostil por quarenta anos. Ele orou e Deus atendeu!

Mas a fé não nos torna intangíveis, pois até para aqueles que a tem em grandes porções, o medo, a frustração e a decepção aparecem. Infelizmente, isso faz parte dessa vida.
Não muito tempo depois do milagre no Carmelo, Elias se viu perseguido por Jezabel, esposa do rei, por ter matado todos os profetas de baal. Ela o procurava por toda parte, enquanto ele fugia, com medo. Seu coração foi subitamente tomado por uma grande sensação de abandono. Temia por sentir que estava sozinho, sofrendo à própria sorte.


E novamente, como é comum acontecer em circunstâncias como essas, Deus vai atras do homem para aliviar sua dor. Ele encontra Elias deitado embaixo de uma árvore. Deprimido, chorando e angustiado, ele ora a Deus pedindo o que lhe parece a solução dos seus problemas: "Meu Deus, vai ser melhor se eu morrer aqui. Estou cansado de tudo, pensei que minha vida tomaria um rumo diferente e, no entanto, sou um fugitivo. Por favor, tire a minha vida".

E é aqui que você se identifica; com a oração deprimida de Elias. Eu quase que posso ouvir você repetindo no seu quarto, a sós com Deus. "Senhor, nada da certo para mim!", "seria bom se o Senhor me fizesse mais feliz...", "meu Deus, por que tem que ser assim?", "por quanto tempo mais terei que passar por isso?", por que o Senhor não faz nada?". E enquanto você ora, carrega no peito a sensação de que está sozinho, apenas você, suas decepções, dores e lágrimas.
Esse era o cenário de Elias! Depois de orar pedindo a morte, Deus o alimentou e fez caminhar 40 dias pelo deserto até o monte Horebe, onde Ele faria uma das declarações mais empolgantes ditas pelo Próprio Deus. Enquanto Elias ruminava o turbilhão de pensamentos em sua mente, Deus o chocou com uma pergunta: "O que fazes aqui Elias?"

Não existe um padrão para definir as ações de Deus! O que move Ele é o amor, mas não há como definir suas ações seguindo um padrão lógico!

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Medo de ser livre...

Em agosto de 1958, James foi detido por ter agredido e ferido seu pai com uma arma branca. Foi preso, levado para um hospital psiquiátrico e retornou à prisão onde seu caso se perdeu nos meandros da burocracia judicial do Sri Lanka.
James foi preso aos 30 anos de idade. Sua juventude foi roubada e agora é um homem de cabelos brancos de 80 anos que está perdendo a visão. Não sei se tem como descrever o que James sentiu na manhã que foi solto. Talvez medo. Em 50 anos muita coisa muda.
Acho que foi isso que o povo de Israel sentiu no dia do êxodo, enquanto olhavam o cordeiro assado sobre a mesa. A lista de exigências para o jantar daquela noite deveria ser seguida à risca, afinal de contas, aquele era um jantar diferente de todos os outros. Desta vez, nada de pôr a comida no prato e comer enquanto assiste tv. No quarto não havia mais nada. Sem livros nas prateleiras, o guarda-roupas já estava vazio e as malas prontas, no canto, ao lado da porta.  Do lado de fora não haviam crianças brincando, não havia barulho de pessoas andando nas ruas. As portas sujas de sangue exalavam um cheiro diferente. Todas as famílias estavam recolhidas apreciando o mesmo menu: carne assada, pães asmos e ervas amargas.
Todos deviam estar felizes, pois seria a última refeição feita ali no Egito como escravos. Mas já haviam se passado 430 anos desde que se deram conta de que estavam presos. Era tempo suficiente para criar raízes. Estavam acostumados a carregar palhas e fazer tijolos. Os açoites já não doíam tanto. Os calos e cicatrizes gritavam que eles eram dali. Seria mesmo boa ideia fugir? Muitas famílias tinham lugares vazios à mesa. O tempo foi cruel neste sentido. Enquanto comiam, as lágrimas que molhavam o prato eram uma resposta à essas tristes lembranças. Não havia como mantê-las longe. Essas pessoas eram seus pais, avós, filhos e esposas. Como deixar tanta coisa para trás?
É incrível o que vou dizer, mas nem todo mundo quer ser livre! Nós até ansiamos isso por um instante, mas logo pesamos os "prejuízos" de deixar tudo para trás. Esse peso, mais tarde vira uma âncora que nos puxa para baixo, e nos mantém presos a esse mundo e seus encantadores vícios, que, em algum momenito, se tornam nossos, logo depois que nos adaptamos a eles!
E foi por isso que as ervas daquela noite não pareciam tão amargas. Eles podiam até comer sem fazer cara feia! A essa altura, já tinham perdido a noção do que aquele jantar representava. Queriam mesmo era ficar. Queriam que Deus fizesse outra proposta de mantê-los ali e deixar as coisas como estavam, ainda que isso representasse passar o resto da vida carregando palhas e fazendo tijolos.
Mas Deus estava ansioso por aquele momento, fazia tempo! Seus amados filhos estavam há poucos instantes de serem livres. Era um dia que deveria ser lembrado e comemorado com uma bonita festa, enquanto estivessem nesta terra. Mas tudo que eles conseguiam pensar era que não tinham garantia de nada e que, a partir de então, teriam que viver dependendo de Deus. Seria mesmo essa a melhor opção?

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Ele não me faltará!

Alguns versos da bíblia mexem comigo. Fazendo uma leitura rápida, a impressão que dá é que a prática não se faz como a teoria. Um desses versos é o primeiro do capitulo 23 de Salmos. Diz assim: "O Senhor é meu pastor, nada me faltará".

Mas, pensando bem, falta. Ao menos é essa a sensação. Foi essa a sensação que eu tive quando fui convidado  a visitar uma moça de meia idade em uma tarde de sábado. Eu era apenas um garoto de mais ou menos 14 anos de idade e, junto comigo estava um grupo de amigos, todos da mesma faixa etária. A única informação que haviam nos dado era que a moça havia sofrido um acidente e estava precisando da ajuda dos irmãos.

Eu e meus amigos formávamos um grupo musical e, naquele sábado, tínhamos sido convidados para fazer o programa de J.A na Igreja Adventista de Chapada do Rio Vermelho. O programa foi uma bênção! Estávamos felizes pelo sucesso do programa. Ainda cumprimentávamos a igreja, ao final do programa, quando o convite foi feito.

A casa da moça não ficava longe. Caminhamos pouco mais de dois minutos e chegamos. No caminho pensei: "O que vou dizer? Se trata de alguém acidentado, nada de extraordinário ou fora do comum, vou dizer o que é politicamente correto. Vou ler o Salmo 23. Antes de entrar, lembro de ter sussurrado algumas palavras com Deus, pedindo que conduzisse aquele momento. Entramos pela garagem da casa, alguns dos meus amigos riam de alguma coisa que não tinha nada a ver com aquele momento e em seguida, instantaneamente, emudeceram.

Não era para menos. A cena seguinte foi forte demais para um punhado de adolescentes. Era uma sala pequena com luz fosca e paredes recém pintadas, dava para sentir o cheiro de tinta que se misturava com o de éter e talco. Havia uma maca cuidadosamente armada no meio da sala. A impressão era que aquela família teve que se reorganizar por causa do tal acidente.

Meus amigos ficaram parados, atordoados, não sabiam o que fazer. Um deles, por ironia talvez, o mais divertido de todos, ficou o tempo todo tentando se esconder atrás dos outros. Ele foi o primeiro a deixar as lágrimas caírem.

Depois de alguns segundos de silêncio, me aproximei da cama. Tentei sorrir, mas sentia que isso era algo que não cabia ali. Peguei a mão dela. Estava muito fria. Parecia não ter vida. Meio desajeitado perguntei: "Como a Srª se chama?" Ela respondeu: "Maria". "O que aconteceu?". Ela começou a contar sua história. A dona Maria tinha um ministério bonito em sua igreja. Ela cuidava das crianças. Um dia ela organizou um passeio ao Parque da Cidade com todas as crianças. Eles teriam uma tarde inteira de domingo para correr, brincar e se divertir. - Duas coisas me chamaram atenção: Notei que ela se esforçava para manter os olhos em mim enquanto falava e que ela precisava de alguns segundos para recompor o fôlego e continuar a falar-

Voltando para casa, um motorista perdeu o controle do carro, subiu o canteiro central da avenida em que a Dona Maria estava caminhando com as crianças e foi exatamente em direção ao grupo. Surpreendentemente, para salvar as crianças, ela empurrou todas as crianças quanto teve condição mas recebeu todo o impacto da batida. O carro ainda arrastou o corpo dela alguns metros.

Sua cabeça ficou bem embaixo de uma das rodas do carro. As pessoas que estavam com ela chamavam seu nome, mas ela não se movia, não mostrava qualquer tipo de reação. Ela disse que ouvia, mas não conseguia se mover. A ambulância chegou em tempo hábil, mas os danos foram terríveis. Ela teve lesão na medula, se não estou enganado, o que a deixou tetraplégica.

A Maria estava viva, ela mesma estava me contando sua história, mas honestamente, naquele dia eu não sabia dizer se isso era uma bênção. Na verdade, acho que essa é sempre uma pergunta difícil de responder em circunstâncias como essas. O bem que coopera para os que amam a Deus, olhando de cara, não é tão bonito assim. A decoração esquisita da casa, os curtos silêncios que só eram quebrados pela voz sussurrante da dona Maria após as breves pausas para respirar, o cheiro de éter, suas mãos frias... Definitivamente não era algo bom de se ver!

O marido dela, um homem batalhador, estava dando tudo de si. Era claro que ele estava cansado, muito cansado. As noites já não eram boas para dormir. Enquanto ela falava, ele estava meio de lado, encostado na parede, perto da janela. Ele só olhava para baixo. As lágrimas eram teimosas e insistiam em molhar seus óculos. Ele tirava e limpava. Fez isso várias vezes. Quando ele tomou a palavra disse que estava tentando encontrar um meio de cuidar de sua esposa e se manter no trabalho, mas seria algo difícil. Eles já estavam passando necessidades financeiras. Os remédios eram muitos e caros.

Depois de algum tempo me deram a palavra. Eu tentei reorganizar os pensamentos mas, a única coisa que me vinha à mente era: "O Senhor é meu pastor e nada me faltará". Não era isso que eu queria ler, briguei com a voz que me repetia o primeiro verso do salmo 23 enquanto foleava minha bíblia. Mas, estava ficando tenso. O silêncio era desagradável! Então, me rendi e li o texto. No final eu disse alguma coisa politicamente correta, oramos e fomos embora.

No carro, mais silêncio. Ninguém queria brincar, rir ou qualquer coisa do tipo. Eu sabia que isso nunca mais sairia de nossas mentes.

Pensando bem, não tinha algo melhor para eu ler? O Senhor é meu pastor e nada me faltará? O Senhor não viu quanta coisa estava faltando naquela casa? Além da saúde da dona Maria, paz, felicidade, boas noites de sono, ainda estava faltando dinheiro para manter as despesas médicas.




quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Jesus orou por você!

Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou... João 17:15 e 16.

Acabei de chegar do hospital. Fui prestar um socorro. Passando pela rua, estava fazendo o favor de levar um amigo em casa, vi um jovem segurando uma senhora de meia idade que estava aparentemente muito mal. Parei o carro quase que instantaneamente e desci para ver se podia ajudar em alguma coisa.

Quando cheguei perto ouvi um jovem dizer: "O que foi mãe? Por favor mãe, por favor, olhe pra mim...". Ele estava desesperado. Foi um quadro aterrorizante. A moça estava fazendo um esforço tremendo para respirar e não conseguia. O rosto dela já estava desfigurado e, a essa altura, já estava caída no chão rodeado de uma porção de curiosos.

Olhei os olhos dela e, por fração de segundos, os olhos dela se encontraram com os meus. Nesse momento tive uma leve impressão de que ela não estava apenas passando mal. Tinha alguma coisa além disso. Não tive qualquer reação! Fiquei apenas olhando tentando entender.

Alguém ao meu lado perguntou se o carro parado uns metros à frente era meu. Eu disse que sim. Essa mesma pessoa perguntou se não seria possivel prestar socorro. Eu disse: "Sim, é claro, tragam ela". Nesse momento, ela parou de ter dificuldades de respirar e começou a gritar. Quando o filho dela conseguiu colocar ela no carro, ela já estava gritando muito alto, uma voz bem grave e com muita força.

O filho era  um jovem de mais ou menos 27 anos e estava com muita dificuldade de segurar ela dentro do carro. Ela só continuava a urrar, gritar e esperniar. Quando dei a partida no carro, comecei a orar, comecei a pedir a Deus que guardassem a todos dentro daquele carro e que fizesse o melhor por aquela mulher.

Instantes depois de sairmos eu perguntei a irmã dela, que estava no banco da frente, se ela tinha alguma problema de saúde. Ela disse que não. Em seguida ela observou baixinho: "Mas não parece que ela está passando mal, não é? Eu acho que ela tá com uma coisa ruim!".

Estavamos a mais ou menos um quilômetro do hospital, o percusso não foi lento, mas foram os dez minutos mais demorados que tenho lembrança. Em um momento perguntei o nome dela. Queria orar por ela dizendo a Deus o nome dela. Lembro bem de ter ouvido gritos mais potentes depois que perguntei o nome dela.

Eu dizia: "Deus, essa mulher aí no fundo do carro, a Lurdes, ela é sua filha, faça algo por ela. Não a conheço, nunca a vi na vida mas creio passei por aquela rua por um propósito. Estou pedindo que faça algo por ela usando o nome de Alguém que morreu por ela, Jesus". Não foi de repente, mas senti ela acalmando. Continuei a orar até chegar ao hospital.

Saí depois de me certificar que ela já estava socorrida. Logo que saí do hospital, queria dizer alguma coisa para Deus, mas não sabia o que dizer. Na verdade eu não tinha nada para dizer. Então eu perguntei: "Pai, o que o Senhor quer? Por que passei por ali naquele exato momento?".

Duas lágrimas molharam meu rosto quando me lembrei do texto que citei acima: "Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou...". Essa é a oração que Jesus fez antes de passar pela cruz. Ainda estou um pouco emocionado. Eu ainda consigo sentir o carinho soar dessas palavras mesmo depois de tantos anos.

Pensei enquando dirigia de volta para casa, o quanto que eu não sou mesmo do mundo. Num desabafo disse para Deus as coisas que estavam desarrumadas em minha vida e que precisavam entrar em ordem. Gritei para mim mesmo que o socorro que a Lurdes precisava era Jesus e, lamentavelmente, naquele instante, eu não pude dar isso a ela.

Por que? Porque estamos sempre muito ocupados, destraídos, pensando que quando chegar em casa vou assistir meu programa favorito, ou vou pedir uma pizza e comer com minha família e meu cachorro, ou ainda, vou estar tão cansado que tudo que eu preciso é tomar um banho frio e cair na cama.

Sinto que minhas orações contribuiram para ela se acalmar, mas me sinto mal por pensar que quando Jesus orou essas palavras, ele pensou em mim. Talvez sua voz estivesse embargada enquanto falava com Pai, por saber que o mal do mundo teria bastante influência em nossas vidas. Talvez ele estivesse com o coração rasgado por saber que última geração desse mundo seria feita de crentes presunçosos e arrogantes. Eu vejo palavras desesperadas, quem sabe cheias de medo, por estar ante a idéia de perder seus filhos.

Nossa postura é de cristão, nossas palavras são de cristãos, temos uma galeria de versos bíblicos gravados em nossa mente, o bastante para vencer um concurso ou cobrar de Deus uma benção, o meu banco preferido na igreja está ocupado em todos os dias de culto, mas com tudo isso, embora nos arrastemos todos os dias para a igreja, o deserto que abriu embaixo de nossas bem ensaiadas em flexíveis aparência está crescendo dia após dia.

No mundo, mas não do mundo! Fico triste em dizer que não sei o quanto isso é uma realidade para nós. Estou realmente abalado por sentir que Deus está tendo dificuldades para atender a oração de Jesus, quando Ele pediu para me guardar das influências desse mundo.

E o pior ainda estar por vir! Óh Deus, ajude-nos! O verso 20 do capítulo 17 de João de repente me esfaqueou! Aqui diz assim: "Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio do testemunho deles".

Testemunho? Essa é uma palavra que está fora de moda, está banida do contexto da nossa vida. É por causa dessa palavra que estou deprimido por ter visto Lurdes gritando e pensar que ela estava incluída na oração de Jesus. Não sai da minha mente que eu podia ter feito mais. Aliás,  não sai da minha mente que, em circunstâncias semelhantes, estamos sempre impotentes. Não quero ser assim Deus! Não quero fazer parte da multidão cultiva uma fé dormente e apenas lamenta seus fracassos. Não quero ser assim!


Sabe, não deveriamos estar satisfeitos com nossa condição e, pessoalmente, realmente não estou! Confesso que, nesse momento, a única coisa que me conforta é saber que estou nos braços de um Deus que proteje, conforta e que atende nossas orações, especialmente em momentos extremos, independente de nossa condição. Estou pedindo a Deus por Lurdes. Estou pedindo que ela tenha um encontro com Ele, de alguma forma. E para mim? Só quero estar pronto na próxima vez, apenas isso!

domingo, 28 de agosto de 2011

(...)

Filhinhos, eu vos escrevi, porque conheceis o Pai. Pais, eu vos escrevi, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno. 1 João 2:14.

A vida cristã nunca foi fácil para quem quer levar à sério. Nosso inimigo investe pesado para nos manter destraídos e, devo dizer, considerando nossos frutos, infelizmente ele tem tido sucesso. Me sinto mal por perceber que meu relacionamento com Deus é baseado em curtos momentos, porque tenho mais o que fazer. Me dói ver que minhas prioridades estão invertidas. Lamentavelmente, só percebo que dou pouco de mim para Deus quando minhas reservas espirituais estão em níveis perigosos.

Sinceramente, a maior parte do tempo, não me vejo incluido na seleção de jovens que João fala. Sinto o eco de minhas orações e esta, definitivamente, não me parece uma caracteristica de um jovem forte, como ele descreve. Frequentemente, estou mais atraído pelas cores do mundo enquanto as coisas de Deus me parecem tons de cinza. A salvação ainda me soa como conto de fadas.

É estranho mas, com tudo isso, Deus não me deixa. Abro os olhos, o sol ainda nem nasceu, e Ele me lembra que está esperando por mim. Finjo que não é comigo, que é tudo fruto de uma mente sonolenta. Mas é tudo muito real. Não tem como fugir. É Deus falando comigo.

Então, do pouco de fé que me resta, ouvindo o som de minha própria voz enquanto tento me comunicar com meu Pai, contando meus dias, relendo minhas escolhas, sinto meu coração lutando para se manter consciente em meio a tudo isso. Escuto Alguém sussurrar que preciso me levantar, limpar a poeira e continuar.

Então eu lhe digo que nessa difícil caminhada, por conta de tantas quedas, meu corpo está tomado de feridas e ematomas. Meus ossos doem, minhas articulações estão inflamadas, parecem não responder a nenhum estímulo. É tão dificil continuar que me parece melhor ficar onde estou e torcer para que as coisas acabem bem para mim.

Aí fico impressionado por lembrar da cruz. Essa lembrança vem com o mesmo sussurro: Você precisa continuar! O peso dessa lembrança esmaga uma parte de mim que está gritando que é loucura falar sozinho em plena madrugada. Mas, no fundo sei que não estou sozinho. Sei que é Deus falando comigo, insistindo mais uma vez, apelando para que eu me entregue a ele sem reservas.
É mais uma chance, não quero desperdiçar.

Vou tentando dormir novamente, agora melhor. Sei que quando acordar e voltar à vida real meus fantasmas continuarão a me assombrar, ainda haverá pedras no caminho, sei que vou tropeçar outra vez. Mas, sei que Ele vai estar ali, como sempre esteve!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Isaías 64

O silêncio de Deus sempre incomodou. Como é costume encaminhar para Ele apenas os problemas que roubam o sono e esses, definitivamente, são os que cobramos um retorno urgente, isso complica ainda mais as coisas.

Nunca foi fácil lidar com isso. Relacionamento é uma via de mão dupla. Ambos compartilham informações, emoções e tudo mais. Do ponto de vista humano, não há como sustentar um relacionamento onde apenas uma das partes compartilha. Amizades, casamentos e até famílias são destruídas por isso.

Agora pense que o céu é apenas para os que são da família de Deus. E, para entrar na família você precisa se relacionar com o Filho, Jesus. Até aqui tudo bem, é realmente simples como parece. A parte difícil é que o Filho usa meios diferentes de comunicação e, muitas vezes, o que ele diz fica nas entrelinhas.

Eu sei que Jesus fala com a gente, longe de mim dizer que ele é mudo ou qualquer coisa parecida, mas confesso que a cada dia que passa tenho que me esforçar mais para entender o que Ele diz. Tudo bem, você pode dicordar de mim, mas, tente se lembrar de questões simples que precisou saber o que fazer e consultou a Jesus e teve uma resposta pronta ou clara!

Não sei com você, mas isso acontece comigo quase sempre. Parado na sinaleira vem uma criança até a janela do carro me pendindo um trocado, alegando que está com muita fome. Aí eu pergunto: Jesus, ele está dizendo a verdade? Devo dar o dinheiro a ele? O que eu faço em seguida depende unicamente da minha avaliação da circunstância.

Nisso eu invejo Enoque! Como ele conseguia? Minha leitura era que Enoque não deixava Deus de fora de qualquer coisa em sua vida. Se ele vivesse em nosso dias, talvez ele também perguntasse a Deus pelo menino da sinaleira mas, diferente de mim, ele escutaria Jesus responder! Desconfio que, de tanto andar com Deus, ele já conhecia Sua voz, mesmo quando Deus falava baixinho e muito rápido!

Sempre me queixei sobre isso com Deus. Eu costumava dizer, e talvez ainda diga em alguns momentos, "olha Jesus, eu preciso que o Senhor fale, mas de modo claro, se não eu não vou entender...". E quem nunca disse isso? Quem nunca se queixou do silêncio de Deus? Até mesmo o "espere" é angustiante!

É só lembrar de Abraão lutando para tirar de Deus a confirmação da sua promessa. No capitulo 15 de Gênesis Deus repete o que já havia dito algumas vezes a ele, que faria dele uma grande nação. No verso 10 ele tenta fazer um acordo com Deus onde a assinatura das partes consistia em passar por entre pedaços de animais cortados. A bíblia diz que Abraão passou e ficou esperando que Deus passasse. Abraão esperou tanto que pegou no sono e só quando chegou a noite Deus passou por entre os pedaços de animais.

E se eu citar Ana, esposa de Elcana você vai ver o quanto foi angustiante para ela esperar! A bíblia diz no capitulo 1 de 1 Samuel que Ana "ia ano após ano" oferecer sacrifícios ao Senhor e lembrá-lo da sua benção que ela ja esperava há anos! Um dia, "Deus se lembrou de Ana"! Não há nada melhor do que sentir o alívio de que não foi esquecido por Deus. Mas Ana teve que esperar este dia chegar.

Falava com Deus sobre isso e abri a bíblia para o estudo da lição. Acabei de ler Isaias 64 e um verso me deixou muito emocionado. Diz assim: "Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera".

É muito grande o que está escrito aqui! Me faz desconfiar que, muito provavelmente, Enoque saiba o que a gente passa em nossos dias.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Oração em Todas as Caracteristicas

Existe muito mais no conceito da oração do que "abrir o coração a Deus como um amigo". Por algum tempo este pensamento foi o suficiente para me fazer crer que não existia nada além disso. Contudo, após discussões sobre o assunto e alguma busca por respostas cheguei a mais perguntas. Não discordo da citação acima, pelo contrário, gosto de pensar em Deus como amigo quando oro e gosto ainda mais quando sinto que Ele me escuta. Porém, devo dizer, existem muitas verdades profundas sobre a oração e, porque não, algumas perguntas difíceis de se responder, se é que temos tal condição.

Antes de continuar, quero dizer que fui bastante teimoso com minhas buscas. Falei com pessoas que jugo conhecedoras de muitos assuntos bíblicos, entrevistei membros de igreja de todas as classes de conhecimento. Aprendi muitas coisas, entre elas uma fundamental: Deus é infinito. Não tem como entendê-Lo e nunca foi essa minha pretenção. O que tenho aqui são simples perguntas que jugo importantes para uma melhor comunicação com o meu criador. Pois bem, levo em consideração Deuteronomio 29:29: "As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que observemos todas as palavras desta lei".

Considero importante expor minha alegria em estudar sobre oração. Apesar de não ter todas as respostas ou ao menos chegar perto de alguma coisa parecida, trago em meu coração a certeza de que orar é, além de tudo, "abrir o coração a Deus como um amigo". Isso para mim, em muitos momentos, foi e é suficiente para me fazer orar.

Bom, tudo começou quando, em uma classe de estudos, alguém levantou a questão:

-Deus quer que todos se salvem certo?
-Certo! - alguns responderam balaçando a cabeça.
-Então, ele está movido 100% para salvar a todos, certo?
-Certo! - um número maior de pessoas responderam.
-Então, se Ele está movido 100% para salvar o homem, que influência tem as minhas orações pelos outros?

Na classe, a discussão meneava entre o onisciência divina e o livre arbítrio humano. A classe terminou dividida. O propósito fundamental não era chegar a uma verdade última. Nessa classe, expomos as opiniões à luz da palavra de Deus para cada um refletir sobre o que foi dito. Em alguns momentos acontece mais do que isso mas é sempre muito bom. O fato é que tudo isso me levou a pesquisar mais sobre o assunto e cheguei às conclusões que irei publicar aqui.
Ressalto que não se trata de verdades últimas, como disse, e sim de pensamentos para serem considerados e refletidos.

Afinal, Deus está 100% movido ou não para salvar o ser humano?

Tenho em minhas mãos uma revista com pouquíssima informação sobre o assunto, mas que me responde muitas coisas. Trata-se da revista "A Oração Faz a Diferença" escrita por Mark Finley. Em um dos trecho encontrei um dos pensamentos do pastor que é potencialmente considerável. Ele diz: "No conflito entre o bem e o mal - entre Cristo e Satanás - há uma batalha. Há uma batalha entre as forças do inferno e as forças da justiça. Nesse conflito, Deus voluntariamente se limita..."
Esse limite está ligado ao livre arbítrio do ser humano. Em outras palavras, neste conflito Deus voluntariamente deixou de ter controle sobre as decisões humanas e isso implica muitas coisas. Uma delas é que com o raio de ação sobre o homem limitado, Ele teria condição de oferecer a salvação e até influenciar na escolha, mas não pode interferir na decisão final.
Neste sentido, creio que Deus está 100% movido para salvar a todos, mas em um campo menor de atuação.
Aí é que nossas orações fazem a diferença. Diz pastor Mark Finley que "nossas orações abrem novos condutos que O possibilita, no contexto do conflito entre o bem e o mal, fazer coisas que de outra forma ele não faria".
Existe muito poder nisso! Para mim é emocionante saber que minhas orações abrem novas vias que permitem a Deus chegar mais perto dos que estão distantes.Talvez só agora você entenda a importância de orar pelos outros. No evangelho de João Jesus orou por mim e por você. Veja o que diz: "Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do mal. Eles não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade... E rogo não somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim". João 17:15,16,17 e 20. Veja o final do verso 20, onde Jesus ora "por aqueles que pela sua palavra hão de crer em Mim". Ele orou por mim e, se você crer na palavra de Deus, por você também.
Acredito que a maior dificuldade em considerar um Deus onipotente, mesmo dentro de um contexto, voluntariamente limitado, está em nossas raízes, em como aprendemos. Mas veja que insisto em usar o termo "voluntariamente". Ou seja, foi escolha do próprio Deus.

A oração muda o rumo das coisas?

Essa é outra questão intrigante.